terça-feira, 16 de novembro de 2010

COMPROMISSO COM UMA CIDADE

     Recentemente, atravessei a divisa com o Rio Grande do Sul. Há tempos não cruzava o estado vizinho. Impressionou-me a maneira com que o poder público trata o tema acesso viário nas cidades gaúchas. Para começar, o acesso a Porto Alegre pela free way, quatro vias com sinalizações impecáveis. É um espetáculo de segurança e tranquilidade. Logo à frente, no acesso aos municípios de Canoas, São Leopoldo e Novo Hanburgo, os viadutos imponentes, que, além de serem facilitadores para o fluxo de veículos, permitem o contraste com a modernidade das grandes cidades.
     Não pude deixar de perceber que, além dos veículos, existe uma preocupação evidente com a integridade fisica dos cidadãos. Basta observar logo acima as inúmeras passarelas existentes sobre as velozes avenidas. Sem deixar escapar nenhum detalhe, chamou-me  a atenção uma divisória por toda a extensão da via, construída em concreto, cuja finalidade é isolar o espaço destinado ao trem - ou, para ser mais moderno, o metrô de superfície. Segurança absoluta para os cidadãos gaúchos. Enquanto isso acontece do lado de lá, vejo o descaso do lado de cá e a sensação de que estamos na idade da pedra.
     Como joinvilense que sou, posso argumentar com muita tranqüiidade sem correr o risco de ser aconselhado a voltar à minha terra natal, já que não estaria satisfeito aqui. Penso que o próximo candidato pretendente ao cargo de prefeito de Joinville precisa estar em sintonia com o pensamento de uma modernização do sistema viário do município. E quando me refiro à modernização, aponto a construção de viadutos, de uma ponte ligando Ademar Garcia e Boa Vista, de corredores exclusivos, de ciclovias, calçadas que possibibilitem aos pedestres segurança e acessibilidade, a continuidade dos programas de pavimentação e o compromisso de lutar pela eliminação da atual linha férrea da zona sul da cidade onde crianças ja foram mutiladas e mortas.
     O administrador que não estiver em sintonia com os anseios do povo não pode merecer o voto do cidadão joinvilense. Viadutos ou elevados, por exemplo, fazem parte de um contexto de modernização. Chega de gente que trata Joinville como uma cidade provinciana, interiorana, com cultura de cidadezinha pequena. Somos uma cidade com mais de quinhentos mil habitantes! Ou elegemos pessoas comprometidas com a grandeza da cidade ou entraremos num marasmo e retrocesso - se é que já não estamos.
     Prefeitos que querem deixar Joinville com ares das pacatas e bucólicas cidades européias precisam rever seus conceitos, afinal aqui é o Brasil. Aqui temos violência porque as leis, na sua maioria, não punem. Aqui, poucos tem coragem de utilizar bicicletas no dia à dia, porque os motoristas não respeitam sinais de preferência, não respeitam a sinalização, as faixas. Aqui a média da frota veicular é antiga, lenta e ultrapassada.
     Argumentar que viadutos vão ferir o visual da cidade, que elevados vão tirar o ar bucólico do lugar é um desserviço ao bem comum. São pensamentos e pessoas descompromissadas com os anseios de uma população que suplica por soluções práticas e que está cansada dos discursos demagógicos. O futuro administrador da maior cidade catarinense deve olhar para frente, ser um visionário, audacioso, moderno e tratar Joinville como metrópole e não como cidade provinciana.

Adilson Corrêa